A busca por oferecer aos turistas e viajantes experiências mais interativas e memoráveis tem impulsionado uma transformação importante no setor de turismo: a gamificação. Ao incorporar elementos de jogos ao planejamento, execução e vivência das viagens, esta dinâmica promove um novo nível de envolvimento com o destino, incentivando as descobertas culturais, as práticas sustentáveis e a valorização do patrimônio local.
A estratégia é simples, mas poderosa. Por meio de desafios, recompensas, rankings, missões e narrativas envolventes, o visitante é convidado a explorar o destino de forma ativa. Em vez de apenas visitar um ponto turístico, ele pode participar de um quiz sobre o local, resolver enigmas históricos ou coletar selos digitais a cada nova parada. Essa interação transforma a jornada em um verdadeiro jogo, tornando a viagem mais divertida, educativa e engajadora.
Nas feiras de turismo, a gamificação já é uma ferramenta presente. Os estandes de operadores turísticos vêm apostando em experiências imersivas com realidade aumentada e jogos interativos que simulam visitas a atrativos culturais, trilhas e até mergulhos com tartarugas marinhas. Inclusive vivenciei o mergulho durante a Femptur em Natal este ano e acredito que estas vivências, além de entreter, enriquecem o portfólio de quem está conhecendo o destino pela primeira vez.
Em Porto, Portugal, o aplicativo “TravelPlot Porto” convida os turistas a completarem missões culturais para desbloquear histórias da cidade. No Brasil, o projeto “Ilha Grande Mix” oferece uma jornada interativa por meio de realidade aumentada, permitindo que o visitante descubra curiosidades, desafios e recompensas ao explorar o local.
Além disso, empresas como a Gamefic vêm desenvolvendo soluções específicas para o setor de turismo, utilizando a gamificação como ferramenta de treinamento para guias, capacitação de equipes e melhoria da experiência do cliente. Aplicativos como “Goosechase” e “Scavify” também ganham destaque internacionalmente por permitirem a criação de caças ao tesouro personalizadas em destinos turísticos, incentivando a visitação a atrações menos conhecidas e a interação com a comunidade local.
Outro exemplo é o aplicativo “Visit Dubai” que oferece desafios culturais e experiências interativas para turistas que desejam conhecer melhor a cidade, acumulando pontos que podem ser convertidos em descontos e benefícios.
Contudo, a gamificação vai além do entretenimento e um de seus principais impactos está na promoção do turismo sustentável. Ao recompensar o uso de transporte público, o consumo consciente ou a visita a negócios locais, a estratégia estimula boas práticas entre os viajantes. Aplicativos como “JouleBug” e “GreenApes” promovem exatamente esse tipo de engajamento, incentivando escolhas ecológicas com recompensas e reconhecimento.
É importante lembrar, no entanto, que a gamificação deve ser usada com responsabilidade. O uso excessivo de rankings competitivos pode gerar efeitos negativos como a ansiedade ou a frustração. É essencial que as experiências “gamificadas” sejam projetadas de forma ética, respeitando o perfil dos turistas e os valores do destino.
A verdade é que vivemos em uma era onde o turista deseja ser protagonista da sua própria jornada, exatamente por isso a gamificação é um forte aliado ao turismo gerando autonomia, envolvimento e propósito. Ao combinar tecnologia, criatividade e cultura local, a atividade se consolida como uma ferramenta essencial para destinos que desejam se destacar no cenário turístico atual e futuro.
Ana Macêdo