Startups que estão reinventando o turismo

O turismo está diante de um ponto de virada. A forma de viajar mudou, e com ela surge um novo ecossistema de soluções digitais que vai muito além de hospedagem e passagens. Eu tenho dito que são as startups que estão reinventando o turismo, conectando experiências, qualificando profissionais e trazendo inovação para um setor que ainda convive com práticas tradicionais.

Nos últimos anos, o mercado internacional já deu sinais claros dessa transformação. Plataformas como Klook, onde se encontra ofertas de planejamento de viagens e reservas, que recentemente captou US$ 100 milhões para expandir operações fora da Ásia, mostram que as atividades e experiências locais são hoje um dos setores mais atrativos para investidores. O mesmo acontece com o Airbnb, que vem ampliando seu portfólio de experiências exclusivas e curadas. Esses movimentos confirmam que o futuro do turismo está cada vez mais ligado ao conteúdo cultural, à personalização e à tecnologia aplicada às vivências.

No Brasil, esse movimento ganha força com iniciativas alinhadas às pautas globais de inovação, sustentabilidade e impacto social. Programas como o EmbraturLAB, o Sebrae Startups e desafios internacionais lançados pela UN Tourism mostram que há espaço para escalar ideias que tragam soluções para problemas reais: desde a gestão do fluxo de visitantes até a redução da pegada de carbono.

É nesse contexto que surge a We Guide, exemplo nacional de como uma startup pode transformar o setor. Criada inicialmente como projeto Guia de Turismo em Rede, a startup hoje está sendo validada como plataforma que conecta guias e condutores de turismo diretamente a clientes. O diferencial está na visão de longo prazo: além de aproximar profissionais e turistas, a We Guide oferece a We Guide Academy, espaço de microaprendizagem contínua em áreas como comunicação, marketing, línguas, segurança, personalização de roteiros, sustentabilidade e ESG. O objetivo é claro: fortalecer a carreira desses profissionais e elevar a qualidade da oferta turística no país.

A inovação da We Guide não está apenas no uso da tecnologia, mas na forma como valoriza o capital humano do turismo. Em um mercado muitas vezes marcado pela intermediação excessiva, a startup aposta em dar voz e protagonismo ao guia, transformando-o em criador de experiências autorais. Isso aproxima o Brasil de tendências globais e, ao mesmo tempo, atende às demandas locais por inclusão produtiva, valorização da cultura e impacto social positivo.

Entretanto, é preciso reconhecer que ainda há um abismo entre o discurso e a prática. Muitos destinos turísticos de massa pouco falam em sustentabilidade ou em qualificação da experiência cultural. Nesse cenário, startups como a We Guide cumprem um papel de ruptura, mostrando que é possível inovar sem perder o foco na essência: o encontro entre pessoas, culturas e histórias.

Por isso reafirmo minha posição: são as startups que estão reinventando o turismo, porque conseguem enxergar onde estão os gargalos e propor soluções ágeis, escaláveis e de impacto. O futuro do setor não será construído apenas por grandes players globais, mas também por iniciativas locais que dão visibilidade a profissionais, comunidades e destinos. Cabe a nós decidirmos se vamos assistir à mudança de longe ou vamos participar ativamente dessa transformação.

Ana Macêdo

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