Experiência une natureza, cultura quilombola e ecoturismo em três dias de imersão
A Paraíba acaba de ganhar um novo atrativo turístico de relevância nacional: a Rota do Canto – Sinfonia da Natureza, primeira rota de observação de aves institucionalizada do estado. O lançamento aconteceu no Fantour / Fanpress que ocorreu no início desta semana, segunda (06) e terça (07), com a presença de agentes, guias, condutores e jornalistas de turismo, bem como de biólogo especialista em observação de aves, além, de representante do Sebrae Paraíba e autoridades de Dona Inês e de Serra da Raiz. A proposta é oferecer uma experiência de três dias e duas noites para acolher tanto os amantes da natureza quanto observadores mais experientes

Natureza em concerto
Respirar fundo e deixar a serra guiar os sentidos é o convite da Rota do Canto. Durante a experiência, os participantes têm a chance de encontrar a estrela da Rota, o beija-flor-vermelho (Chrysolampis mosquitus), conhecido por seu brilho iridescente que reflete tons dourados na gargante, rosa cardeal na cabeça e rabo com penas avermelhadas sob a luz do sol. A ave foi escolhida como mascote do roteiro, simbolizando o encontro entre delicadeza e a exuberança da avifauna local.

Um projeto pioneiro e comunitário
Idealizada no âmbito do programa de Agentes de Roteiros Turísticos do Sebrae Paraíba, a rota nasceu com o objetivo de fortalecer e de diversificar o turismo de observação de aves do estado. “O Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade do mundo, concentrando entre 10% e 20% de todas as espécies conhecidas do planeta. A Paraíba não tinha nenhuma rota institucionalizada para observação de aves. Criamos a Rota do Canto para incentivar essa prática, fortalecer a governança local e envolver os empresários e as comunidades como protagonistas”, explica Alessandra Lontra, agente de roteiros turísticos responsável pela formatação.
“Precisamos transformar esses locais em verdadeiros santuários, criando um ambiente favorável não apenas para as aves, mas também para que a comunidade abrace a Rota, cuide dela e a faça florescer”, destaca Alessandra Lontra, agente de roteiros turísticos do Sebrae Paraíba.


Guias e Condutores locais dão vida à experiência
Entre os profissionais que dão voz e acolhida ao visitante em Dona Inês, está Francisco Cunha, ou simplesmente “Tico”, guia de turismo formado pelo Instituto Federal (IFPB Campus de Areia). Nascido em Dona Inês, ele começou sua trajetória ao fazer os cursos de rapel e de condutor local ingressando no turismo com o apoio do Sebrae. Ele disse que essa Rota é um produto diferente do que já se tem em Dona Inês. “A Rota conecta profundamente as pessoas à natureza. Antes, muitos pássaros passavam despercebidos por nós. Hoje, com a formatação da Rota, começamos a olhar com atenção, e a valorizar o que sempre esteve aqui”, afirmou.
Tico acredita que a Rota do Canto abrirá novas possibilidades para o turismo local. “Temos vegetação de Brejo e Curimataú misturadas, o que cria um ambiente único. Com certeza, essa ela vai crescer muito e trazer um público diferenciado”, complementa o guia de turismo.
Em Serra da Raiz, a imersão na natureza se completa com a Agência Copaoba Tur e o grupo Aventureiros da Copaoba, responsáveis por conduzir os visitantes nas trilhas e vivências de ecoturismo da Rota do Canto. Com experiência em turismo de aventura e profundo conhecimento do território, eles guiam os grupos pela Trilha Canto da Serra da Copaoba, onde é possível avistar diversas espécies de aves, entre elas o emblemático beija-flor-vermelho.
“A trilha é uma das partes mais encantadoras da Rota. O amanhecer na serra, o canto dos pássaros e a neblina entre as árvores criam um cenário inesquecível”, relata Isaias proprietário e condutor da Copaoba Tur, primeira agência de Turismo do município. A atuação da agência e do grupo fortalece a profissionalização do turismo local, gerando trabalho para jovens e integrando o ecoturismo à economia do município. Suas atividades também ampliam a visibilidade das belezas naturais de Serra da Raiz, consolidando a região como novo destino para o turismo de natureza na Paraíba.

Olhar científico reforça o potencial
O biólogo e ornitólogo Thiago Zanetti, que acompanhou o grupo, também destaca o potencial da Rota para o turismo de natureza e para a ciência cidadã. “Falando de observação de aves, a gente deu uma andadinha aqui na região e, mesmo em período de seca, já foi possível perceber algumas estruturas bem interessantes na vegetação. Encontramos espécies como o próprio beija-flor-vermelho, outras espécies de beija-flor e alguns bichinhos típicos da Caatinga, como o farinheiro ou papa-formiga de barriga preta. É uma região que realmente vale muito a pena para o turismo de observação de aves. Minha primeira impressão em Dona Inês é ótima e tenho boas expectativas sobre as espécies que podem aparecer aqui tanto na seca quanto no período de chuvas. A longo prazo, a área tem muito potencial para ser explorada nesse segmento”, avalia.
Sobre Serra da Raiz o biólogo disse que foi uma experiência muito rica. “Encontrei formações vegetais bem interessantes, como matas úmidas, altas e verdes. Conversei com condutores locais sobre as espécies da região e confirmei várias por fotos e áudios. Aqui, temos uma combinação rara: mata mais seca e mata mais úmida convivendo lado a lado, o que aumenta muito a diversidade. Além das aves, as paisagens são deslumbrantes, pedreiras, lajedos e áreas de mata, compondo um cenário ideal para ecoturismo. No geral, vejo a Rota do Canto com bastante potencial para ser operada, especialmente na parte de observação de aves”, declarou.
Empreendedores locais celebram a Rota do Canto
A criação da Rota do Canto já começa a transformar a paisagem econômica e social do Brejo paraibano. Pequenos empreendedores, artistas, artesão, produtores rurais e comunidades quilombolas vivenciam um novo tempo de oportunidades, impulsionado pelo turismo de base comunitária, pela hospitalidade e pela autenticidade das experiências locais. Mais do que um roteiro de observação de aves, a Rota do Canto conecta pessoas, histórias e sabores, fortalecendo a cadeia produtiva do turismo e criando renda de
forma descentralizada, do campo à mesa, do ateliê à pousada.


Restaurante Vale do Curimataú
No Sítio Lagoa do Braz, em Dona Inês, o Restaurante do Raminho “Peda” é um exemplo de como o turismo pode revitalizar a cultura e os constumes do campo. Criado há três anos, o negócio nasceu de encontros entre amigos e cresceu com o “boca a boca”. “A gente cozinhava todo fim de semana para a família e para os amigos. A casa foi ficando cheia, e resolvemos abrir o restaurante. Agora estamos esperançosos com os turistas que virão nos visitar”, revela Maria de Fátima da Silva Andrade, filha do fundador.
O espaço, que chega a reunir até 300 pessoas em festas e eventos culturais, já foi repensado inclusive na sua decoração para facilitar e servir como um ponto de apoio para observadores de aves e condutores de turismo, que irão participar da Rota. O que, a curto prazo, deve ampliar a renda direta da família e gerar novas oportunidades de trabalho e de participação para a comunidade rural.”


Em Serra da Raiz, o Restaurante Villa Flores
Inaugurado há poucos meses, o local já se tornou parada obrigatória dos grupos de turismo. Administrado por Luciene Conceição e José Adriano da Silva, o restaurante alia boa comida, estética regional e uma homenagem especial ao símbolo do roteiro. “Decidimos decorar o espaço com o beija-flor porque ele representa a leveza e a beleza da natureza da Serra. Servimos comida regional, mas também pratos mais sofisticados. Os visitantes adoram a galinha de capoeira e a buchada”, explica Luciene.
Com atendimento de terça a domingo o restaurante movimenta fornecedores locais e fortalece a economia da cidade. “O turismo traz vida, amplia as oportunidades e faz o comércio girar”, completou.

No Alto da Serra, acolhimento familiar e sustentável
A poucos quilômetros do Centro de Serra da Raiz, em uma área cercada de verde e de um lindo lago, o Alto da Serra Casa de Campo, administrada por Maria Ivoneide e o marido Valtinho, representa o novo conceito de hospedagem familiar e acessível. “A gente sempre gostou de receber pessoas em casa. Com o turismo crescendo, decidimos transformar essa vontade em negócio. Começamos simples, mas com muito carinho”, relata Ivoneide.
Inaugurada em junho deste ano, a pousada oferece três chalés completos com varanda e cozinha equipada, com diárias com e sem café da manhã, e estrutura adaptada para receber crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida. “A Rota do Canto traz esperança para quem acreditava que o turismo ainda estava distante daqui. Aos poucos, a gente vê visitantes chegando, empregos surgindo e a cidade respirando um novo tempo”, afirmou.

Empreendedorismo feminino, arte e identidade no Quilombo Cruz da Menina
Entre as experiências mais autênticas dessa Rota está a visita à Associação da Comunidade dos Remanescentes do Quilombo Cruz da Menina, em Dona Inês. Criada em 2008, a Associação reúne cerca de 170 integrantes e tem se fortalecido por meio da inclusão produtiva e do turismo de base comunitária. “A Rota do Canto é uma forma a mais de agregar nossas tradições ao turismo, gerando fonte de renda para a comunidade por meio da gastronomia, do artesanato e das histórias que contamos”, explica Bianca Quilombola, presidente da Associação.
É importanta também destacar o Café Quilombola, comandado pelas irmãs Rafaela e Ramona Henrique, servido aos ar livre no monumento Cruz da Menina, um cenário para celebrar ancestralidade, cultura e hospitalidade. No alto da serra, o visitante vivencia um entardecer de tirar o fôlego, saboreando tapioca de coco, beijus, cocadas, doces, geléias, pé de moleque e café, enquanto o som da banda de pífano quilombola embala o pôr do sol e convida todos a encerrarem o dia em uma grande ciranda de celebração com os turistas.

Ainda no Quilombo, um dos pontos mais marcantes da Rota é o ateliê do artista plástico quilombola Sérgio Teófilo. Autodidata e premiado, Sérgio iniciou sua trajetória em 2009, após participar de um curso de cerâmica promovido na própria comunidade. Sua primeira exposição, realizada em Porto Alegre, foi um sucesso absoluto e todas as peças foram vendidas em apenas três dias.
Desde então, o artista vem ganhando projeção nacional e internacional, participando de exposições e intercâmbios culturais em vários países. Este ano, Sérgio representou o Brasil na França. Reconhecido por suas esculturas em madeira reaproveitada da caatinga, especialmente da imburana-velada, ele transforma troncos secos em pássaros, flores e elementos da fauna regional. Suas obras unem cor, textura e poesia, retratando a biodiversidade e a identidade do território onde nasceu.
Atendendo ao apelo da Rota do Canto e à sugestão de Alessandra Lontra, Sérgio passou a incluir o beija-flor-vermelho, símbolo da rota, em suas criações, conectando sua arte à identidade visual do roteiro. “O beija-flor-vermelho representa a leveza e a resistência da nossa região. Ele agora faz parte da minha arte como um símbolo da nossa natureza viva”, conta Ségio Teófilo. Seu ateliê, instalado no coração do quilombo, é parada obrigatória da Rota do Canto.

Um refúgio de rusticidade e acolhimento
Localizada na parte mais alta da região de Serra da Raiz, a Pousada dos Ventos oferece uma experiência sensorial completa: café coado no bule, bolos caseiros, tapioca de coco e mel de produtores locais. “Aqui é como voltar à casa da mãe ou da avó. O cheiro do café e do bolo no ar despertam lembranças que ficam para sempre”, descreve Kalina Borges, proprietária da Pousada.
A ideia da casa de família transformada em pousada nasceu da própria hospitalidade da anfitriã. Amigos e parentes incentivaram a abertura do espaço, que hoje acolhe viajantes interessados no turismo de aventura e visitantes que buscam silêncio, natureza e reconexão. A Pousada está situada em uma área de beleza natural e valor ambiental, próxima a trilhas, mirantes e sítios arqueológicos. O espaço também serve como ponto de soltura de animais silvestres, reafirmando o compromisso da proprietária com a preservação ambiental. “Cada pessoa que chega aqui vive uma experiência nova, ressalta Kalina. A Pousada dos Ventos reforça a rede de empreendimentos que dão vida à Rota do Canto.

Referência em hospedagem de charme
Os Chalés Mirante da Serra se consolidam como um dos empreendimentos mais influentes da região. Idealizado por Petrônio Noronha Monteiro, o projeto alia hospitalidade, conforto e vistas panorâmicas que revelam toda a beleza natural de Serra da Raiz. Recentemente, o empreendimento ampliou suas instalações e inaugurou um lounge com música ao vivo aos sábados, atraindo visitantes e fortalecendo o turismo local. Com sua forte presença digital o Mirante da Serra integra a Rota do Canto como símbolo de inovação, acolhimento e valorização da natureza.

Turismo que fortalece raizes e gera resultados imediatos
A Rota do Canto é o roteiro ideal para amantes da natureza e do turismo de experiência, que buscam vivências autênticas, sustentáveis e afetivas em contato com o meio ambiente e as comunidades locais. O roteiro atrai observadores de aves, fotógrafos, viajantes do slow travel, grupos escolares e o público 50+, todos conscientes e sensíveis, que valorizam a gastronomia regional, a arte quilombola, a hospitalidade e o turismo responsável.
A experiência completa da Rota do Canto se estende por três dias e duas noites, combinando trilhas ao amanhecer, hospedagens acolhedoras, gastronomia regional, artesanato e cultura.
Segue a Rota formatada:
03 dias e 02 noites em Dona Inês e Serra da Raiz – Paraíba
1º Dia – Chegada à Serra e Noite de Sabores | Dona Inês
15h – Saída de João Pessoa (local a combinar) rumo às serras do Brejo paraibano.
17h30 – Chegada a Dona Inês e check-in na charmosa Pousada Parque das Águas (@pousadaparquedasaguas_), cercada de muito verde e clima ameno.
19h – Jantar descontraído no Boteco Dona Inês (@botecodonaines), com gastronomia regional, petiscos criativos e drinks autorais ao som de música ambiente.
21h – Descanso para o início da aventura no dia seguinte.
2º Dia – O Reino do Beija-flor-Vermelho | Dona Inês & Serra da Raiz
04h30 – Amanhecer na serra: despertar ao som da natureza.
05h – Café da manhã.
05h30 – Observação de aves no Sítio Lagoa do Braz: às margens do Rio Curimataú, o grupo parte com condutor local em busca da estrela da rota — o beija-flor-vermelho (Chrysolampis mosquitus). Embora migratório, a diversidade de espécies no local é impressionante.
11h – Parada no Mirante Vale do Curimataú para contemplação e registros fotográficos.
12h – Almoço regional no Restaurante Vale do Curimataú (@vale_do_curimatau), com a tradicional galinhada e sucos de frutas nativas.
Tarde Cultural em Dona Inês
14h – Visita ao Espaço da Memória, com casa de taipa, casa de farinha e objetos históricos.
15h – Encontro com a Comunidade Quilombola Cruz da Menina (@quilombocruzdamenina) para conhecer o artesanato em chita e os doces e geleias produzidos por mulheres quilombolas.
15h30 – Visita ao Ateliê Sérgio Teófilo (@teofilo_sergio), onde troncos da caatinga ganham forma em esculturas artísticas.
16h30 – Pôr do sol quilombola com café especial preparado pelas irmãs Rafaela e Ramona (@cafequilombola), música de pífano e grande ciranda aos pés da Cruz da Menina.
Noite em Serra da Raiz
18h – Traslado para Serra da Raiz.
19h – Check-in na Pousada dos Pássaros (Condomínio Chalés Mirante da Serra – @chalesmirantedaserrapb) ou na Casa de Campo Alto da Serra (@casaltodaserra).
20h – Lounge noturno no Mirante da Serra, com música ao vivo e drinks sob as estrelas (consumo e couvert à parte).
21h – Descanso merecido.
3º Dia – Trilha Canto da Serra da Copaoba & Encantos Finais | Serra da Raiz
04h30 – Amanhecer na serra.
05h – Café da manhã.
05h30 – Trilha Canto da Serra da Copaoba, conduzida pela Agência Copaoba Tur (@copaoba_tur) e Aventureiros da Copaoba (@aventureirosdacopaoba_). Caminhada leve e contemplativa que revela novas espécies de aves e, com sorte, o brilho do beija-flor-vermelho.
10h30 – Retorno à pousada com tempo livre para relaxar ou aproveitar atividades opcionais, como balanço panorâmico e caiaque (não inclusos).
12h – Almoço no elegante Restaurante Villa Flores (@restaurantevillaflores_), com pratos regionais servidos em ambiente acolhedor.
Tarde de Despedida com Pôr do Sol Serrano
14h30 – Visita à Pousada dos Ventos (@pousadadosventos_), ponto estratégico para futuras trilhas de observação.
15h – Café da tarde com delícias regionais.
16h30 – Mirante do Tambor: contemplação do entardecer com aves retornando aos ninhos e um pôr do sol cinematográfico ao som da sanfona.
18h – Retorno a João Pessoa, levando na bagagem fotos, sons e memórias inesquecíveis.


A Rota do Canto – Sinfonia da Natureza está em seus primeiros passos, mas já desperta grande expectativa de se consolidar como um catalisador do desenvolvimento local, conectando gastronomia, arte, cultura, hospedagem e natureza em um ecossistema econômico sustentável. Mesmo em fase inicial, os impactos de curto prazo são visíveis: aumento no fluxo de visitantes, valorização da cultura quilombola, geração de renda feminina, incentivo ao artesanato e à gastronomia regional, além da abertura de novas oportunidades para pousadas e empreendedores locais.
A Rota foi criada pelo Programa de Agentes de Roteiros Turísticos do Sebrae Paraíba em parceria com o Governo do Estado da Paraíba por meio da secretaria de Turismo e Desenvolvimento Economico (SETED), e da Empresa Paribana de Turismo (PBTur).
Ana Macêdo
*Estive na Rota do Canto a convite do Sebrae Paraíba
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