O território em que vivemos muda constantemente e de forma semelhante, os seres humanos estão sempre mudando, aprendendo e evoluindo, na busca do desenvolvimento sustentável. Um passo importante para essa compreensão do desenvolvimento sustentável surge a partir da metade do século XX, em 1959, através da Assembleia Geral das Nações Unidas, que deu início a um programa de redução da pobreza nos países em desenvolvimento, para promover a melhoria da qualidade de vida, o crescimento econômico, a redução de desemprego e do subemprego.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (1972) foi um marco importante para ampliar conhecimentos sobre o desenvolvimento sustentável e para esclarecer que os problemas ambientais dos países desenvolvidos são diferentes nos demais países. Os problemas ambientais nos países em desenvolvimento são problemas de pobreza urbana e rural, tais como deficiente abastecimento de água potável, moradias inadequadas, saneamento básico precário, difícil acesso de deslocamentos, porque não há prioridade de políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento das comunidades mais carentes nos territórios.
Problemas como esses podem e devem ser superados, em grande parte, pela gestão pública municipal, comprometida com o desenvolvimento sustentável. Ignacy Sachs (1927-2023), economista e autor de mais de vinte livros sobre desenvolvimento e meio ambiente, afirma que necessário considerar o desenvolvimento sustentável nas seguintes dimensões: Sustentabilidade social que se refere à melhoria das condições de vida da população. Sustentabilidade econômica que diz respeito aos investimentos públicos e privados para a gestão eficiente dos recursos produtivos. Sustentabilidade ambiental, com ações para evitar danos ao meio ambiente. Sustentabilidade espacial, que é o equilíbrio entre o urbano e o rural, para buscar a melhor solução para os assentamentos humanos, nos territórios. Sustentabilidade cultural que se refere ao respeito às diferenças culturais e as suas contribuições para a construção de modelos de desenvolvimento adequados de cada cultura e de cada território.
Para o IBGE a sustentabilidade institucional refere-se à capacidade e esforço despendido pelos governos e pela sociedade para implementar as mudanças necessárias do desenvolvimento sustentável. A habilidade de avançar na direção do desenvolvimento sustentável é determinada pela capacidade das pessoas e das instituições, afirma o IBGE.
Cabe à gestão pública que prioriza o desenvolvimento sustentável, usar os indicadores do IBGE para formular suas políticas públicas, através de planos, programas e projetos. O Turismo criativo de base local é uma das atividades econômicas mais promissoras para o estímulo ao empreendedorismo e a geração de emprego e renda nos municípios, que vem contribuindo para o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões.
Um passo à frente dos gestores municipais seria se conectar e valorizar a cultura local, que proporciona o consumo das artes e do entretenimento, deixando-se mover dentro delas, sem fazer parte delas. A cultura de um território é um diamante a ser lapidado, que agrega valor ao destino turístico e naturalmente seleciona os turistas, que buscam o diferente, o inusitado e a autenticidade.
A Rota turística Ciclos do Brejo, precisa da colaboração dos gestores municipais e da iniciativa privada de Areia, Alagoa Nova, Bananeiras, Borborema, Matinhas, Pilões, Remígio, Alagoa Grande e Serraria. Os municípios envolvidos podem ser desenvolvidos de forma sustentável, se as rodovias para as comunidades rurais forem priorizadas. Certamente o governo da Paraíba será parceiro da gestão pública municipal, uma vez que a interiorização do turismo faz parte do plano de governo do estado.
Qualquer atividade econômica precisa da infraestrutura básica para gerar resultados positivos. Da mesma maneira é a atividade econômica do turismo, que precisa de segurança, boas rodovias, sinalização, meios de comunicação, abastecimento de água, saneamento, educação e saúde para os seus habitantes. A gestão municipal inovadora é mais que um propósito consciente, é a convergência desse propósito.
Regina Amorim
gestora de Economia Criativa e Turismo do Sebrae Paraíba
*Este artigo é de responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a opinião do Minuto Turismo