A cachaça como produto da economia criativa é case de sucesso na Paraíba

A produção de cachaça envolve uma série de processos criativos, desde a seleção da cana-de-açúcar até a elaboração de diferentes tipos da bebida, que podem ter sabores e aromas distintos. Além disso, ela está intimamente ligada à cultura, sendo uma das bebidas mais consumidas no país, principalmente, no Nordeste, e especialmente na Paraíba, onde a cachaça representa um importante símbolo cultural.

Dessa forma, a produção de cachaça pode ser vista como uma atividade da economia criativa, porque contribui para o desenvolvimento econômico e cultural das regiões produtoras, por meio da valorização da cultura local, da geração de emprego e renda e do estímulo à inovação e à criatividade. Justamente por causa deste entendimento algumas feiras, simpósios e fóruns são realizados no estado da Paraíba, a fim de promover e valorizar a “cultura cachaceira”.

Tradicionalmente brasileira, a cachaça tem sido produzida e consumida em todo o país há séculos e, ao longo dos anos, foi estigmatizada como de baixa qualidade e associada à uma imagem pejorativa e de baixo custo. Por esse motivo, era vista como uma bebida inferior em comparação com outras destiladas, como as internacionais uísque e tequila. Essa discriminação era, na maioria dos casos, ampliada pelo preconceito socioeconômico, que, frequentemente, à associava as classes mais baixas da sociedade. Onde também se cometia o equívoco em relação a diferença entre “cachaça” e “aguardente”.

Entretanto ambas, são bebidas alcoólicas produzidas a partir da fermentação e da destilação do caldo de cana-de-açúcar. A desigualdade entre as duas está na forma como são produzidas e na sua regulamentação. A cachaça é produzida a partir da fermentação e posterior destilação. De acordo com a legislação brasileira, a cachaça deve ser produzida no Brasil, com teor alcoólico entre 38% e 48%, e deve passar por um processo de envelhecimento em barris de madeira. Além disso, a cachaça tem uma denominação de origem protegida, ou seja, só pode ser chamada de cachaça se for produzida no Brasil. Já a aguardente é uma bebida produzida em vários países, incluindo o Brasil, a partir da destilação de resíduos da produção de açúcar, como o melaço. A aguardente não tem regulamentação específica no Brasil e pode ser produzida com diferentes teores alcoólicos e sem passar por um processo de envelhecimento em barris de madeira.

Todavia, para quem aprecia a bebida, a discriminação e o equívoco, ficaram num passado longínquo, pois a valorização da cachaça e principalmente de alta qualidade têm crescido nos últimos anos, impulsionando sua produção. Algumas marcas têm investido nesses processos mais elaborados, como o envelhecimento em barris de madeira, de carvalho europeu e de madeiras brasileiras, a fim de criar cachaças mais complexas e refinadas, com blends, aromas e sabores mais sutis. Essas cachaças de alta qualidade são comercializadas como um produto Premium, com preços mais elevados e uma apresentação mais sofisticada.

Além disso, a cachaça tem ganhado mais visibilidade em eventos gastronômicos e em restaurantes e bares especializados, onde é apreciada por consumidores exigentes e conhecedores de bebidas destiladas. Essa valorização da cachaça de qualidade tem contribuído para que a ela seja considerada um artigo da classe A, embora ainda haja muito a ser feito para combater o estigma social em torno da bebida e promover sua real e merecida valorização em todo o país.

É exatamente nesse contexto de promoção e de venda da bebida, que a economia criativa e a produção associada ao turismo tem espaço garantido. Um exemplo disso é o Engenho Triunfo em Areia, a Capital Paraibana da Cachaça, um empreendimento que se destaca no âmbito do Turismo Criativo. A história de vida e superação do casal Maria Júlia e Antônio Augusto Baracho e dos seus quatro filhos é contada por ela com muita emoção durante a visita dos turistas ao engenho. A família enfrentou desafios e trabalhou arduamente, transformando o lugar em um espaço interessante para visitação. No Engenho Triunfo, além de se ouvir a belíssima e inspiradora história de vida do casal, pode-se, também, adquirir souvenires, apreciar a excelente cachaça Triunfo e aprender sobre sustentabilidade.

Em outras palavras, é isso que visa essa junção de turismo com criatividade: proporcionar experiências enriquecedoras para os turistas, permitindo que eles se encantem e interajam com os moradores locais, aprendam sobre seus ofícios e conhecimentos. Essas conexões genuínas criam memórias afetivas duradouras e fazem com que o local visitado e as experiências vividas nunca sejam esquecidos. Portanto, Junto ao turismo a cachaça tem mais capacidade de gerar desenvolvimento de forma sustentável, valorizando a cultura, os recursos locais, fortalecendo as comunidades e preservando o patrimônio cultural da região.

Ana Célia Macêdo

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