Nos últimos anos, a adoção de práticas ESG, sigla para Ambiental, Social e Governança, tornou-se um imperativo para empresas e profissionais de diversas áreas. No setor do turismo, essa tendência não apenas se consolidou, como se tornou indispensável para a sustentabilidade da atividade. É nesse contexto que o guia de turismo assume um papel central, sendo não apenas o mediador das experiências dos visitantes, mas também um agente ativo na promoção de práticas responsáveis e éticas.
Penso que, mais do que nunca, cabe ao guia de turismo liderar, na prática, ações que contribuam para a preservação ambiental, o respeito social e a governança ética nas atividades turísticas. Afinal, é ele quem está na linha de frente, orientando grupos, mediando as relações com as comunidades locais e conduzindo as experiências em ambientes naturais e culturais.
Do ponto de vista ambiental, o guia deve fomentar práticas como o descarte correto de resíduos, a valorização de atrativos naturais e a sensibilização dos turistas para a importância da conservação ambiental. Pesquisas da Organização Mundial do Turismo (OMT) apontam que mais de 70% dos turistas preferem serviços que demonstram compromisso ambiental, o que reforça a relevância dessas práticas.
No aspecto social, a atuação do guia também é estratégica. Ele pode e deve promover o respeito às culturas locais, favorecer o comércio justo e contribuir para o desenvolvimento das comunidades visitadas. É importante lembrar que o turismo responsável não se limita a uma experiência agradável para o visitante, mas deve gerar benefícios reais e duradouros para os moradores locais.
Quanto à governança, o guia de turismo deve atuar de forma ética e transparente, respeitando legislações, normas de conduta e princípios que garantam uma operação turística segura e justa. A adoção de condutas que assegurem a integridade e o bem-estar dos turistas, assim como a valorização da profissão de guia, são essenciais nesse processo.
Embora haja quem veja a aplicação de práticas ESG no turismo como um modismo ou uma obrigação burocrática, considero que ela representa, na verdade, um diferencial competitivo e um compromisso ético não apenas com o presente, mas com as gerações futuras. Guias que se posicionam como líderes dessas práticas tendem a ser mais valorizados e a ampliar seu mercado de atuação, além de contribuir para transformar o turismo em uma força positiva para o planeta.
Um exemplo notável é o projeto “Estrelas do Mar”, desenvolvido pelo Instituto Ilhas do Brasil. Essa iniciativa de turismo de base comunitária promove o protagonismo juvenil em comunidades costeiras, capacitando jovens como guias de turismo e agentes de conservação ambiental. O projeto foi reconhecido como um caso de sucesso no Fórum de Turismo Sustentável em Porto Alegre, destacando-se por integrar práticas ESG no turismo local.
Assim, o guia de turismo, ao conduzir visitantes por destinos diversos, tem a oportunidade de educar e sensibilizar sobre a importância da preservação ambiental, do respeito às culturas locais e da adoção de práticas éticas. Ao incorporar esses princípios em sua atuação, ele contribui para a construção de um turismo mais responsável e benéfico para todos os envolvidos.
Portanto, o guia de turismo não deve ser visto apenas como um condutor de passeios, mas como um agente essencial na implementação das práticas ESG. Sua atuação consciente pode transformar experiências turísticas em ações concretas de preservação, inclusão social e desenvolvimento ético. Logo, investir na formação de guias preparados para esse desafio é, sem dúvida, um caminho necessário para fortalecer o setor e garantir sua sustentabilidade.
Ana Macêdo