Um restaurante para ser lembrado, resgatar boas memórias, emocionar-se e comer bem, muito bem. Essa é a experiência sensorial e gastronômica no Frederica Cozinha Afeitiva, onde, quem o visita, com certeza, vai se identificar com alguma referência sobre João Pessoa. E a primeira alusão a isso é o próprio nome da cidade que, no passado, foi Frederica, nome dado pelos holandeses que por aqui passaram, em homenagem ao príncipe de Orange, Frederico Henrique. Entretanto, o nome não se resume apenas a essa referencia, mas também a João Pessoa, cidade antiga.
Tudo no Frederica respira os encantos da cidade; desde a porta já se percebe o estilo industrial, com um toque de classe que encanta, já na entrada, pelo design moderno e aconchegante, sem contar que as fotografias espalhadas por todo o ambiente, contam historias antigas, em preto e branco, desde a década de 1930 e que voltam a ser vivenciadas, pois é muito fácil, ao passar pelas mesas, ouvir alguém falando sobre suas lembranças da cidade. Sem dúvida, é uma experiência agradabilíssima.

O verde, que é referência da capital paraibana, a adega industrial e o radio antigo no balcão, harmonizam o ambiente e, por si, “falam mais do que mil palavras”. Além disso, a ida ao toalete é uma experiência à parte porque, no hall, estão espalhadas, até o teto, fotos da cidade, e essas são atuais, coloridas e foram feitas pelo Cássio Murilo. É belíssimo. Não há como não se encantar com o Frederica, inclusive, porque a proposta da cozinha afetiva é algo que está em alta no Brasil e no mundo.
Restaurante Frederica / Minuto Turismo Restaurante Frederica / Minuto Turismo Restaurante Frederica / Minuto Turismo Restaurante Frederica / Minuto Turismo
Particularmente, acho que o Flavio Uchoa foi muito feliz na idealização do Frederica. Ele é pós-graduado em gastronomia e sempre teve o desejo de empreender na área, por causa das suas muitas viagens a Pernambuco, quando vivenciou a valorização da cultura local; sim, porque Pernambuco respira cultura. Então, decidiu empreender em João Pessoa, valorizando a cidade. Ele me disse, em conversa de pé de orelha, que a jornalista especializada em cultura e turismo Rosa Aguiar, cuidou carinhosamente da pesquisa que conta a história da cidade. O resultado ficou incrível.

Cozinha Afetiva
Você já tinha ouvido falar em cozinha afetiva? Pois bem, eu também não. O que eu sei é que comer é um dos grandes prazeres da vida, principalmente, quando o sabor nos traz boas lembranças. Quem não se lembra da comida da vovó ou do algodão doce nas festas de padroeira, com carinho e sorrisos? Essa é a proposta da cozinha afetiva. Vale lembrar, também, que, quando comemos, os cinco sentidos são acionados e é exatamente por isso que podemos participar dessa explosão de emoções.
Por causa disso, o cardápio, para mim, é o grande diferencial, pois conta com um ingrediente singular: a identidade. Pratos como Camarão Manaíra, Filé Casa da Pólvora, Peixe Praia do Bessa e Salmão Frederica já nos remetem às boas lembranças e a uma boa dose de pertencimento. Porém, o mais importante é a identificação e o resgate das memórias. Talvez, por isso, esse tipo de culinária esteja em alta. Ponto para Flávio!
Coquetel de Camarão / Minuto Turismo Bombom de Salmão / Minuto Turismo
No Frederica, provei algumas entradas. A primeira foi a Camponata, prato típico da culinária da Sicília, mas que, lá, foi servida com manteiga da casa, a Manteiga Frederica, com molho de tomate e com torradas. Estava maravilhoso. Depois, provei o Bombom de Salmão e confesso que nunca tinha comido um bombom salgado: leve, crocante, intenso. Amei. Também provei o pastel de lagosta que tem o leve toque da pimenta de dedo e raspas de limão siciliano.
Finalizando as entradas, provei o tradicional Coquetel de Camarão que veio bem servido, por que não dizer, “a caráter”, como nas mesas mais requintadas da sociedade pessoense do passado. Vou contar um segredo: as entradas estavam simplesmente divinas.

O prato principal, Filé à Ana Flávia, foi escolhido “a dedo” por mim. O prato é autoral, idealizado pelo Flávio e representa a memória afetiva da sua filha, dos tempos de criança. Ele me disse que cozinhava para ela e que esse era o seu prato favorito. Como não escolher o prato mais afetivo da casa? Sem medo de errar, e já “comendo com os olhos” porque a apresentação estava impecável, degustei, acredito, um dos melhores risotos da minha vida: ele é uma mistura agridoce de molho de amora com um suculento medalhão e o defumado queijo provolone. Os sabores saltam na boca e você consegue definir cada um. É muito interessante e já é parte da minha memoria afetiva.
A sobremesa ficou por conta das outras convidadas que provaram o famoso Pavê de Farinha Láctea. E, conforme elas mesmas disseram, tem sabor de infância. Gente do céu, que delicia!
O Frederica inaugurou no dia cinco de agosto, dia de Nossa Senhora das Neves, a padroeira da cidade. Agora, convidar amigos para ir a um restaurante, principalmente, os que estiverem visitando a cidade, vai ser uma grata satisfação, uma vez que, no Frederica, os sentimentos criam o ambiente certo para excelentes reuniões e boas conversas.
É importante lembrar que, inicialmente, o restaurante ficava aberto apenas para o jantar; mas, agora, passa a atender no horário de almoço, de terça a domingo, só fechando para o jantar do domingo e na segunda-feira.
Além disso, foram lançados o almoço executivo, de terça a sábado, com menu completo (entrada, prato principal e sobremesa); o jantar de terça a quinta, com custo de 79,90; a rolha free, às quartas-feiras e, ainda, a chamada “três opções de pratos família” que serve até três pessoas. Lá a gente também encontra pratos vegetarianos e, para o público infantil, esse é um diferencial que o Frederica faz de “olho fechado”. O restaurante possui um espaço reservado para grupos de até 27 pessoas, para comemorações ou reuniões de trabalho seguidas de almoço ou jantar. @fredericarestaurante

*Eu estive no Frederica a convite da jornalista Rosa Aguiar, para um almoço com a imprensa.