Turismo Criativo e Sustentabilidade

Desde que foram conceituadas, a economia criativa e a produção associada ao turismo andam de mãos dadas e juntas fazem muito pelo turismo criativo, especialmente aqui na Paraíba, um estado que é referência no assunto. Primeiro, pelo número expressivo de produtos criados para o setor e segundo por duas cidades, João Pessoa e Campina Grande, que foram incluídas na Rede de Cidades Criativas da Unesco.

Para quem não sabe, a capital Joao Pessoa tem o título de Cidade Criativa desde 2017 pelo conjunto; Artesanato e Artes Populares. Já Campina Grande, que é referência em tecnologia e abriga o Polo Internacional Tecnológico, em 2021, recebeu o título, na categoria Artes Midiáticas.

Dessa forma, não é necessário ir muito longe para esbarrar em um produto do Turismo Criativo. No litoral, encontramos o Shopping Rural. Sua idealizadora, Nevinha Silva, mudou a realidade, da família e da comunidade local, unindo, no mesmo lugar, um espaço de assentamento, na rota da praia: o artesanato, a gastronomia e a agricultura familiar. O local tornou-se parada obrigatória para os turistas que, levados por “bugueiros” e transportes de turismo, não saem de lá de mãos vazias.

Outro empreendimento que é referência no Turismo Criativo é o Engenho Triunfo, em Areia, na Região do Brejo. Com uma história belíssima de superação e de muito trabalho, Maria Júlia e Antônio Augusto Baracho mudaram o cenário da produção da cachaça, transformando o engenho num local atraente para visitação de turistas que não saem de lá apenas com suvenires e a excelente cachaça Triunfo, mas com um exemplo de sustentabilidade e uma historia de vida e superação para ser contada.

Sem dúvida, o Turismo Criativo articula e promove experiências relacionais, para que os turistas possam interagir, no território visitado, com os atores locais e seus fazeres e saberes. Em consequência disso, conexões reais são produzidas e ficam para sempre na memória afetiva do visitante, fazendo com que o local jamais seja esquecido.

Em 2006, a Unesco assumiu o Turismo Criativo, como “Uma Nova Geração do Turismo”, conceituando-o como uma experiência engajada e autêntica, com aprendizagem participativa nas artes, no património ou no caráter especial de um lugar, propiciando uma conexão com aqueles que residem no lugar criando, assim, essa cultura viva.

Em suma, esse é um jeito de fazer Turismo, ou seja, de empreender de forma positiva no Turismo, promovendo o desenvolvimento sustentável local: socialmente, economicamente e, respeitando o meio ambiente, de forma a promover encantamento ao visitante. Entretanto, é importante perguntar: Vale mesmo a pena por em prática o Turismo Criativo em qualquer território? As outras vertentes do Turismo, podem se articular para desenvolver o Turismo Criativo?

No meu ponto de vista, a resposta é sim, devido a pluralidade do setor que movimenta cerca de 571 atividades da economia, direta e indiretamente, dados que pontualmente contribuem para o alcance de muitos dos ODS da ONU para 2030, o que pode tornar as cidades e territórios, mais inclusivos e sustentáveis. Como o Turismo é uma atividade eminentemente privada, ele pode, sim, atrair empresas e empreendedores convencionais para um Turismo mais criativo e sustentável.

Outro aspecto que deve ser considerado é que a ideia de Turismo Criativo, por assim dizer, estimula a preservação do patrimônio material e imaterial, pois cria o senso de pertencimento à comunidade local, ou seja, aos que moram no território. Ao mesmo tempo, empodera os envolvidos pois ambos, visitantes e visitados, constroem simultaneamente um legado cultural que pode ser acessado por meio de uma experiência sensorial relevante, quando as duas partes exercem seu lado criativo. E isso faz toda a diferença na viagem.

Alguns fatores ainda são preocupantes, especialmente, quando se trata de Turismo Criativo. Exemplo disso é o impacto negativo gerado por algumas atividades com a acumulação de resíduos sólidos ou o lixo comum, em vários locais. Contudo, essa é uma realidade presente em todos os vieses do Turismo e, felizmente, é motivo de discussão em mesas de debate ao redor do mundo, conscientizando e fomentando informações sobre o assunto.

Tudo isso nos leva a refletir sobre a atividade Turística como um todo e, assim, buscar sempre as melhores práticas. Aquelas que aproximam profissionais e turistas, que fortalecem a identidade e a cultura local, que impactam a economia, que impedem o êxodo de jovens para as grandes cidades, e que aproveitam o potencial humano local para a manutenção dos fazeres e saberes tradicionais.

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